O último rescaldo de 2008 (2ª parte)

De uma forma muito sucinta ficam aqui algumas linhas (esta é a segunda parte de dois artigos, para lerem a primeira carreguem aqui) abordando aquilo que foram os primeiros meses de competição nos diversos campeonatos a decorrer em Portugal. Na primeira parte abordei a competição dos Sub16, Sub18 e Sub20, sendo que nesta (segunda) parte abordarei a competição sénior masculina e feminina.


SENIORES MASCULINOS
(página do escalão aqui)

A primeira ilação a retirar deste inicio de competição sénior em 2008/2009 é a de que é necessário reformular as competições, consolidando o formato e a organização destas, independentemente da disponibilidade dos clubes, que apesar de necessitarem de muito apoio em termos logísticos (ex: um campo permanente para os jogos) não podem ser a causa maior no retardar daquilo que devia ter sido feito logo após o Mundial de 2007: definir um modelo que permita aos clubes das divisões secundárias terem uma verdadeira competição e que deixe os clubes mais fortes da Divisão de Honra competirem numa prova ibérica (podendo, por exemplo, os jogadores das equipas não participantes nessa prova, ser seleccionados para um conjunto que competiria numa prova europeia de clubes), cativando assim, de forma mais eficaz, os apoios e atenção da TV e da restante comunicação social.
Este é um problema transversal que afecta a Divisão de Honra, a 1ª Divisão e a 2ª Divisão e que se prende com as inevitáveis diferenças entre as equipas que, nos escalões secundários, querem e podem competir e, no Campeonato Super Bock, entre os conjuntos que pedem por um nível superior de competitividade (a Liga Ibérica é uma boa ideia, mas apenas com o aval e apoio das duas federações, não organizada por uma entidade pouco ou nada transparente e por convite, algo ridículo, isto não obstante o número crescente de personalidades que apoiam o projecto e a ideia por detrás dele) visto que, felizmente, deram um salto em termos de nível de jogo necessitando, por causa disso, de mais e melhor competição.
Se na principal competição de râguebi em Portugal existe o risco de já termos uma ideia (salvo alguma bem-vinda surpresa) dos quatro clubes que irão disputar a fase final (Direito, Agronomia, Belenenses e CDUL), algo que sucede por motivos acima enunciados, na Primeira Divisão temos assistido a uma prova extremamente disputada, com seis equipas ainda em condições de irem a fase final, estando a Académica, o Vitória de Setúbal (uma grande surpresa) e o líder CRAV com alguma vantagem face aos restantes candidatos.
Por fim na 2ª Divisão, a prova em que encontramos maior disparidade (em termos de qualidade) entre as equipas presentes, já se encontram definidos quase todos os clubes (apurados e não apurados) que vão jogar na segunda fase do campeonato, sendo de realçar os desempenhos, entre outros, da Escola Rugby do Porto, do Cascais Rugby Linha, do Montemor e do Juromenha/Elvas, clubes que continuam a desenvolver um trabalho merecedor de uma divisão própria e que não deviam ter que esperar metade da época por uma competição mais ajustada ao nível deles, um facto que não visa insultar ou denegrir o trabalho de outras equipas ou pessoas mas sim exprimir aquela que é uma realidade por demais evidente quando se analisa esta divisão.


NOTA: Numa curta nota sobre a arbitragem, mais propensa a afectar o rugby sénior masculino que o feminino, noto que é tendência geral (e estranhamente masoquista) da nossa comunidade, massacrarmos verbalmente, quando não o fazemos via web, com uma consistência fantástica, aquele que é o recurso mais escasso na modalidade: os árbitros. Enquanto não existir algum tipo de respeito pelos critérios e estilo próprio de cada árbitro, pelas inexistentes (ou escassas) ajudas que este sector tem à sua disposição para realizar uma tarefa básica e fundamental para a existência do desporto e para o facto de, mesmo assim, este apresentar algum crescimento, o desenvolvimento (sustentado) que o rugby português precisa a todo o custo de abraçar pode muito bem ser posto "em espera" porque sem arbitragem de qualidade, protegida e recompensada pelo seu trabalho não vamos a absolutamente lado nenhum.


SENIORES FEMININOS
(página do escalão aqui)

A competição sénior feminina aparenta, este ano, ter encontrado alguma estabilidade, tendo, até aqui, decorrido sem problemas de maior e com, nas duas divisões existentes, equipas e jogadoras em franco destaque. Assim, na Segunda Divisão feminina existem dois grupo de equipas a destacar, consoante falamos dos líderes (CRAV, 1º e Lousã, 2º) ou dos conjuntos que perseguem a liderança (Cascais, 4º e Caldas/Santarém, 3º). Nota-se alguma diferença entre estas equipas, em especial entre o conjunto de Arcos de Valdevez, despromovido da 1ª Divisão e os demais. Uma última palavra para as jovens da equipa do Rugby Vila da Moita, que ainda procuram a primeira vitória no campeonato e que merecem uma menção pelo esforço que têm tido nesse sentido.
O Campeonato Nacional da 1ª Divisão Feminino começou com dois favoritos, que já possuem uma grande rivalidade: Benfica e Agrária. As campeãs do Benfica (com uma equipa muito forte e equilibrada, onde salientamos a capacidade de finalização da 3/4os Solange Varela e o importância da também 3/4os Alexandra Gonçalves nas manobras da equipa, quer seja a defender ou a atacar) procuram revalidar o título enquanto as jovens da Agrária (as comandadas de Pedro Midões têm um conjunto ambicioso, onde pontificam jogadoras com muita qualidade, como são os casos de Elsa Varela e Maria João Campos) querem interromper o sucesso das encarnadas.
Com metade do campeonato decorrido, esta previsão confirma-se, com a equipa de Coimbra a liderar a tabela classificativa e com as jogadoras treinadas por Pedro Murinello e Francisco Goes a ocuparem, com um jogo a menos, a segunda posição. Este facto não impede a existência de duas surpresas, provenientes das equipas do Técnico (que tem na defesa Joana Vieira uma das suas referências) e do CDUP, que prometem (mais as lisboetas que as jogadoras da Invicta) intrometer-se na luta pelos lugares de topo; e uma (até aqui) desilusão, a Agronomia, de quem se esperava mais e que ainda não conseguiu obter mais do que uma vitória nos três jogos realizados. Não esquecemos a equipa recém-promovida do Loulé, que encontrou (naturais) dificuldades na sua primeira época como primodivisionária e que procura ainda a primeira vitória, tendo apenas marcado 12 pontos, com destaque para os dois ensaios de Vanessa Martins.