"Match Report" - CDUP v Belenenses (Sub20, Sábado, 24 de Janeiro, 15:00)

Este é o terceiro "Match Report" do Rugby Portugal, uma rubrica criada para dar destaque a alguns jogos que, por algum motivo especial, quer seja por serem alvo de uma análise estatística (minha ou de outros autores) mais detalhada ou por eu acompanhar as partidas em questão, fazendo uma reportagem das incidências, merecem ser destacados. Nesta edição escolhi, por querer dar destaque a um encontro de uma equipa de fora de Lisboa e por ter sido gentilmente convidado pelo Vice-Presidente do CDUP, Miguel Vareta, para fazer esta reportagem, o encontro da 10ª jornada do Campeonato Nacional de Sub-20 entre o Belenenses e o CDUP.
Assim, no passado sábado, segui viagem com a equipa do Restelo até à Lousada, casa emprestada do CDUP, para assistir a uma partida que prometia ser interessante, por colocar frente a frente duas equipas com jogadores muito bons e que possuem basicamente os mesmos objectivos no campeonato, manterem a perseguição ao líder Direito e assegurarem a passagem à fase final da prova.
Mais importante do que o difícil jogo que esperava o grupo lisboeta era a preparação para a partida, que a equipa técnica fez questão de salientar aos jogadores durante as paragens que efectuavam. Não se tratava apenas de reforçar o espírito e a moral do grupo mas também de dar sequência a um trabalho feito durante a semana a vários níveis (por exemplo, a alimentação dos jogadores na véspera e no dia do jogo) e que importava não descurar antes deste começar.


Mal a partida começou foi possível constatar que, perante duas equipas com três-quartos que podiam fazer a diferença, seria na luta entre os avançados, na luta pela posse de bola e no apoio às jogadas das linhas atrasadas que um dos 'quinzes' poderia encontrar vantagem. Começaram melhor os visitantes, que marcaram o primeiro ensaio por intermédio do seu centro, numa jogada de insistência que Manuel Costa, o abertura belenense converteu. Quando parecia que o Belém embalava para uma boa exibição, Manuel Brandão, o arrier da equipa do Porto, entrou em acção e (com o apoio de um ponta muito promissor, Gonçalo Cerquinho) no tempo que restava da primeira parte marcou três ensaios, aproveitando erros do conjunto belenense, e convertendo os mesmos, fixando o resultado ao intervalo em 21-07, favorável à equipa da casa.
Nos primeiros 40 minutos foi visível o domínio do CDUP, que vencia com mérito a partida. O pack avançado do Belém estava com algumas dificuldades em conquistar as formações ordenadas e os alinhamentos, e concedeu demasiados 'turnovers' aos avançados do Porto, que tiveram no terceira linha Rodrigo Chaves (nº6) uma figura em destaque, especialmente no apoio aos três-quartos, algo que os visitantes tinham que melhorar se queriam vencer o encontro. Não obstante o facto de estar em desvantagem, a equipa do Belenenses tentou criar jogadas de ensaio e explorar o espaço nas costas das linhas atrasadas do XV da casa.
A segunda parte começou como a primeira, com um ensaio do Belém, marcado pelo ponta Tomás Toulsen, que após muita pressão 'azul' conseguiu aproveitar uma fuga do médio de formação Manuel Muralha e reduzir, graças à conversão de Manuel Costa, a diferença que separava as duas equipas (21-17). Tal como na primeira parte, a resposta dos universitários não se fez esperar e resultou no quarto ensaio, obtido pelo segundo centro Martim Bettencourt. Depois deste ensaio, o Belenenses ainda voltou a reduzir no marcador, por intermédio de uma penalidade, mas a diferença no rendimento das equipas começava a ser por demais evidente e após um período de ataque continuado, o CDUP marcou o primeiro de quatro ensaios com que punha fim a qualquer incerteza no resultado final.
Com o resultado final da partida já determinado por sucessivos ensaios do XV da casa destacavam-se numa grande exibição do colectivo vencedor, as prestações do formação João Almeida (nº11), do abertura Tomás Rosado (nº10) e do 3a linha Diogo Pinheiro (nº7). Estes jogadores, juntamente com o ponta já referenciado (nº14, Gonçalo Cerquinho) e com o talonador do CDUP (Duarte Vaz, nº2), contribuíram de forma decisiva para o sucesso do conjunto nortenho na segunda metade do encontro. Do lado dos visitantes, notou-se muito a determinação do médio de formação Manuel Muralha em não baixar os braços, uma atitude que a equipa acompanhou, tentando, até ao fim dos 80 minutos, conter a ofensiva a que estavam sujeitos e marcar algum ensaio.
Com o fim da partida, assinalada pelo árbitro Lionel Silva, que teve uma tarde tranquila e um trabalho muito positivo, os jogadores do Belém podiam lamentar o facto de não terem marcado mais ensaios, mas a vitória do CDUP não sofria qualquer contestação, pois assentou nos méritos desta equipa e na incapacidade dos avançados do Belenenses em assegurar o apoio aos três-quartos, faltando assim a fluidez e consistência necessária ao jogo belenense para poder lutar pela vitória.
Nos balneários a equipa vencedora estava contente com o resultado e, apesar da dimensão da vitória alcançada, realista acerca dos objectivos no campeonato, preferindo encarar jogo a jogo o resto desta fase da prova. Os jogadores do Restelo, mesmo derrotados, não baixaram os braços e estavam determinados em mostrar-me que eram capazes de bem melhor, tendo logo aí insistido para que eu viesse assistir à partida deles desta noite, um jogo em atraso contra a Agronomia, na Tapada, algo a que me comprometi.


Infelizmente para estes jovens jogadores, depois de 80 minutos muito difíceis para as duas equipas (ao intervalo o encontro estava empatado a 0), foram os agrónomos que, fieis ao seu estilo aguerrido, conseguiram marcar na última jogada o ensaio que lhes valeu a vitória, contrariando todas as previsões e derrotando o Belenenses por 10-07.

Esta reportagem teria sido impossível sem a disponibilidade da equipa técnica dos Sub-20 do Belenenses, em especial o seu treinador Pedro Gonçalves, a quem agradeço por toda a paciência e amizade com que tratou este vosso autor. Queria também deixar aqui um especial agradecimento aos dirigentes e técnicos do CDUP, nomeadamente da equipa Sub-20, que me receberam com toda a simpatia e hospitalidade característica daquele clube, tendo ficada agendada, para outra altura, uma repetição desta actividade.