Rescaldo do fim-de-semana (15 e 16 de Novembro)

Numa semana em que temos provas novas a começarem (universitárias, no caso) e depois de as nossas jogadoras de rugby terem jogado a primeira ronda dos campeonatos nacionais da 1ª e da 2ª Divisão no fim-de-semana, creio que se impõe começar, ao contrário do habitual, pelos resultados do rugby doméstico, em detrimento do rugby internacional.


Na 1ª jornada do Nacional da 1ª Divisão Feminina (ver resultados e classificação), o campeonato começou de forma normal, sem grandes surpresas nos resultados que, exceptuando o do jogo entre as campeãs Benfica e a recém-promovida equipa do Loulé, mais desnivelado, favoreceram as equipas da Agrária e do CDUP, que receberam e venceram, respectivamente, o Técnico e a Agronomia. Na Lousada, à falta de um "Richie McCaw" (porque não há asas no feminino), foi Isabel Ozorio, a nº8 do CDUP, que assumiu (com a defesa Leonor Cameira) a maior fatia dos 33 pontos com que as universitárias venceram a equipa agrónoma. Destaque ainda para os ensaios da abertura Maria João Mamede e da pilar Francisca Campos.
A equipa do Técnico deslocou-se ao campo da Agrária para jogar uma partida que desde o inicio mostrou querer vencer. No entanto, perante umas "charruas" muito organizadas a defender, o resultado ao intervalo (7-0) dava apenas uma curta vantagem à equipa comandada por Pedro Midões. Foi, por isso, uma segunda parte mais conseguida do colectivo agrário que levou a equipa a marcar quatro ensaios (destaque para os dois de Isa Ribeiro e para o 2º de Elsa Varela), convertidos pela abertura Maria João Campos (11pts, 3 conversões e 1 ensaio), conquistando assim uma vitória que as destemidas "mabecas" bem tentaram impedir (destaque na exibição destas para Mariana Pimenta, nº13 das lisboetas).


Na 2ª Divisão (ver classificação e resultados), a primeira jornada (concentrada), organizada pelo CRAV, mostrou uma equipa da casa muito forte, a única a vencer os seus dois jogos posicionando-se assim na frente do campeonato. No primeiro jogo o CRAV, defrontando a jovem equipa do Cascais que se estreava em competições oficiais, impôs a sua maior experiência e conquistou uma vitória confortável. No outro encontro deste conjunto, frente à equipa da Lousã, imperou um maior equilíbrio, e apesar de a vitória ter sorrido às jovens de Arcos de Valdevez, desta feita foi por uma margem bem mais pequena.

Nos outros jogos desta jornada, destaque para o embate entre Cascais e a equipa combinada do Caldas/Santarém (é de louvar a atitude destes clubes em não permitir que as jogadoras de duas equipas fiquem sem jogar durante esta época), um jogo mais equilibrado entre duas equipas novas que estão, neste momento, uns furos abaixo de CRAV e Lousã, claramente as melhores equipas presentes nesta ronda (isto porque as equipas da Moita e do Vilamoura folgaram). Veremos como corre a próxima ronda, organizada pelo Caldas/Santarém.


A segunda eliminatória da Taça de Portugal (ver resultados e calendário) foi, exceptuando três jogos, uma ronda com várias partidas muito desequilibradas, tendo a diferença no marcador numa dessas ultrapassado a casa das centenas. Noutras partidas, o Cascais Rugby Linha repetiu o jogo que tinha feito contra o Belas, voltando a vencer, se bem que por uma margem menor; e o Évora conseguiu, com dificuldade e aproveitando-se muito bem dos erros do Montemor (que podia ter surpreendido mas foi derrotado na 2a parte do encontro por cometer erros que conduziram ao sofrer de dois ensaios), eliminar a equipa da 2ª divisão.
A grande surpresa nesta ronda da taça foi protagonizada pela equipa da Agrária de Coimbra, que eliminou o Lousã num jogo para recordar. A equipa da Lousã, a fazer uma boa época na 1ª divisão, teve um início de jogo menos feliz, sofrendo dois ensaios dos quais recuperaria aquando da expulsão temporária de um jogador da casa, marcando um ensaio (convertido) e contando com a sempre importante pontaria do seu chutador, Ricardo Redondo. Até ao intervalo a Lousã passou para a frente do marcador, situação que se inverteu mesmo no fim do tempo regulamentar, quando Rodrigo Miguel, converteu uma penalidade, encerrando a 1ª parte com um parcial de 15-13. A segunda parte do jogo foi muito disputada e teve situações que não tornaram fácil o trabalho do árbitro internacional António Moita, que teve aqui uma partida difícil de apitar e de resultado sempre incerto.
Assim, com o segundo tempo iniciado, os homens da Agrária ficaram reduzidos a 14 (por expulsão) e, após uma troca de penalidades, sofreram o segundo ensaio da Lousã, que assim passava para a frente do marcador. Até ao final da partida, assistiu-se a um esforço intenso por parte dos visitados, que precisavam de marcar pelo menos um ensaio, alcançado por Ricardo Silva nos últimos minutos de jogo. Estes 5 pontos (o ensaio não foi convertido) revelaram-se providenciais pois empatavam a partida, oferecendo, em caso de igualdade no fim do jogo, a vitória, por via de desempate (número de ensaios marcados), à Agrária. Acabou por ser uma penalidade falhada (na última jogada do encontro) por Ricardo Redondo a ditar o resultado final e a eliminar uma equipa muito combativa da Lousã que não pôde fazer mais nada para evitar a saída prematura da edição deste ano da Taça de Portugal.


Nos Sub20 (ver resultados e classificação), começamos por assinalar a primeira derrota do Técnico, às mãos de um CDUL que se apresentou desfalcado mas que mesmo assim não deixou de aproveitar as suas oportunidades (e rectificar a derrota sofrida na jornada anterior contra os líderes Direito), em especial nos 3/4os, marcando dois ensaios (pelo ponta Luís Dias e pelo defesa Francisco Valério), facto que fez a diferença visto que o conjunto das Olaias falhou em vários momentos onde podia ter pontuado e foi incapaz de dar sequência a duas boas exibições dos seus jogadores (o 3ª linha Pedro Frazão e o 3/4os Gonçalo Faustino, este último já anteriormente mencionado).
Belenenses e CDUP, dois clubes que também estavam invictos ao início desta 3ª jornada, defrontaram-se nos campos do Estádio Nacional do Jamor, com a vitória a sorrir para os homens de Belém depois de 80 minutos de domínio dividido. O resultado foi determinado por uma segunda parte belenense de muita abnegação (estava 15-12 ao intervalo), nomeadamente a defender, algo que acabou por fazer toda a diferença. É de realçar a prestação do abertura azul, Manuel Costa, que contribuiu com 16 pontos para os 21 da equipa, realizando uma boa exibição. Na classificação geral, a liderança pertence ao Direito, com o Belenenses a um ponto de distância e com o Técnico e o CDUP mais atrás (no 3º e 4º lugar, respectivamente), visto que perderam os seus jogos. Nota também para a primeira vitória da Agronomia, que venceu na Tapada a equipa do Cascais.


Na série 1 da 1ª Divisão dos Sub18 (ver resultados e classificação) tivemos um fim-de-semana com duas importantes vitórias para Agronomia e CDUL, que ganharam distância na classificação geral ao derrotarem Técnico e Belenenses (respectivamente), algo extremamente importante no caso dos universitários de Lisboa, que têm mais um jogo que os demais concorrentes (Belenenses e Técnico) ao segundo lugar e que agora folgam sabendo que já bateram um dos dois adversários ao mesmo, graças a 80 minutos de muita concentração (sobretudo a defender), num desafio onde se destacou a grande exibição do ponta Frederico Bensimon, autor de três dos seis ensaios marcados pelo CDUL.
Na série 2 o Évora e o Cascais discutiram até ao intervalo um jogo que os eborenses resolveram na segunda metade da partida, marcando quatro ensaios e convertendo um resultado desfavorável (07-10 ao intervalo) numa vitória confortável (29-15). Na outra partida realizada, o Direito e a Académica empataram em Coimbra a 7 pontos, complicando assim as contas de uma série onde só o Cascais está afastado dos lugares cimeiros.

Com mais de metade do calendário da fase inicial cumprido, apenas duas equipas (Benfica e Cascais) estão afastadas da luta pelo título, estando a Agronomia com a vitória na sua série quase assegurada (só lhe falta jogar contra o último classificado Benfica), com o segundo lugar a ser disputado por Belenenses, Técnico e CDUL e encontrando-se tudo ainda em aberto na segunda série, mesmo tendo em conta o facto de Direito ter um jogo a mais, tendo portanto que vencer na próxima jornada caso queira assegurar a presença na corrida para o título nacional.


Abordando agora os resultados da 3ª Jornada da 2ª Divisão dos Sub18 (ver resultados e classificação) constatamos que, no grupo NORTE/CENTRO a liderança é dividida entre CRAV e Lousã, os vencedores da jornada (a Lousã venceu a equipa da UTAD por números muito elevados e o CRAV fez uma segunda parte com 22 pontos para derrotar um Santarém que foi incapaz de o acompanhar), que se irão defrontar neste fim-de-semana, em Santa Rita.
Nos grupos CENTRO/LISBOA e LISBOA apenas se realizou um jogo tendo, no primeiro, a equipa B da Agronomia levado de vencida o Caldas (que conquistou o ponto bónus), e no segundo, o Vitória de Setúbal imposto o seu maior poder físico e técnico a um CDUL B que cometeu demasiados erros, somando assim a segunda vitória em tantos jogos.

Por fim, no grupo SUL, o CRUP conquistou a sua primeira vitória oficial ao derrotar o Estremoz 29 a 12. Num grupo de estreantes, ainda não foi desta que outro clube novo nestas andanças, o Beja, teve a sua primeira vitória, pois perdeu em casa com o Vilamoura. Resta apenas falar do Loulé, que subiu ao primeiro lugar do grupo ao vencer o Elvas, obtendo o ponto bónus que veio com esta vitória folgada.


Passamos agora ao último escalão em análise, os Sub16, começando pela 5ª jornada da 1ª Divisão (ver resultados e classificação) destes. Numa ronda sem surpresas, prevaleceram os favoritos, isto apesar das dificuldades que o Cascais encontrou para ganhar distância no marcador e levar de vencida o Belenenses.
Direito, Técnico e CDUL venceram sem problemas CDUP, Évora e Setúbal, mantendo-se por isso o ranking na tabela classificativa, que continua a ser liderada por um Cascais que apenas sofreu 31 pontos em cinco jogos, tendo marcado mais de 250. A 3 pontos do líder encontra-se o Direito, capitaneado por Pedro Crespo, que tem duas semanas (pois folga) para preparar o confronto com o Cascais, agendado para 29 ou 30 deste mês, na Guia. Na perseguição aos dois primeiros estão CDUL, Técnico e Belenenses, com a Agronomia a ficar um pouco para trás deste trio mas com hipótese de rectificar isso uma vez que na 6ª jornada estas quatro equipas defrontam-se num fim-de-semana que irá, por certo, clarificar muito sobre as reais capacidades de cada 15.


A 2ª Divisão dos Sub16 (ver resultados e classificação) tivemos jogos com implicações diferentes, de grupo para grupo. No SUL, por onde começamos, o Elvas, depois de ter vencido a equipa do Vilamoura, empatou com o Loulé em casa a 12 pontos, desperdiçando uma boa ocasião para se isolar no comando do grupo.

Em LISBOA o St. Julians não desperdiçou a oportunidade e venceu o último classificado do seu grupo, o CDUL B, garantindo, para já, não só o primeiro lugar como um estatuto invejável de favorito para a fase seguinte, estatuto esse que temos muita curiosidade em ver testado contra equipas mais fortes. No que concerne ao resto do grupo é o Belenenses B que se vai mantendo no segundo lugar, graças a uma vitória contra o Direito B, aquele que será, muito provavelmente, o concorrente dos jovens de Belém na luta pelo segundo lugar.
No CENTRO/LISBOA, com o primeiro classificado Belas a folgar, ganharam protagonismo as equipas B do Cascais e da Agronomia, que bateram o Técnico B e o Caldas, dando mais equilíbrio a um grupo que não se prevê que seja tão fácil de decidir como o LISBOA.

Por fim, no grupo NORTE/CENTRO, Santarém e Académica, que viram o seu jogo na jornada anterior adiado, mantiveram a toada vitoriosa e derrotaram a Lousã e a Escola Rugby do Porto, dois conjuntos que ainda não venceram nesta temporada mas que não foram nunca (em especial o conjunto da Invicta) adversários fáceis de levar de vencida.


NOTA: Neste rescaldo dei menor importância aos jogos internacionais porque quis dar protagonismo aos campeonatos femininos, que agora começaram. Para além disso, o facto de ter feito anos no domingo fez com que deixasse tudo por fazer, tendo acumulado com isso muitos e-mails por responder, fotos e outras informações que necessitam de alguma atenção e as quais só agora me posso dedicar. Em cima de tudo isto, alterei a apresentação de todas as tabelas classificativas, criando ainda mais trabalho que (felizmente) já foi feito. Em todo o caso, muito obrigado pela vossa paciência.


Para terminar o rescaldo deste fim-de-semana recapitulamos os jogos internacionais de sexta, sábado e domingo. Da Escócia ao Japão, neste fim-de-semana tivemos jogos em quantidade para analisar. Comecemos então por dar o devido reconhecimento à Austrália e à Escócia, duas equipas que vinham de uma exibição mais fraca e que deram a melhor das respostas, se bem que o caso escocês deva ser visto com alguma margem de desconto porque perderam. No seu primeiro encontro "a sério" a Inglaterra viu-se em enormes dificuldades para igualar os australianos e não só perdeu, como levou uma valente lição no que aos avançados diz respeito. O XV da Austrália, com o jogo de Marselha (Mundial) do ano passado ainda bem presente, não deu grandes hipóteses aos comandados de Martin Johnson.
Mais a norte, em Murrayfield, a Escócia (finalmente) se reconciliou com os seus adeptos, fazendo uma exibição em que foram poucos os erros apontados à equipa do hemisfério norte. Porém, contra os Campeões do Mundo, não se pode falhar um pontapé que seja, e a Escócia falhou pelo menos três. Isso e uma segunda parte mesmo muito forte dos Springboks, com Juan Smith, Tendai Mtawarira e Jean de Villiers, entre outros, a realizarem grandes exibições, foi o suficiente para impedir os escoceses de causarem o maior 'upset' do fim-de-semana.

Em outras partidas "amigáveis", a equipa B da Escócia venceu confortavelmente a Geórgia; o Canadá rectificou (muito bem) a má prestação frente à Irlanda, causando dificuldades inesperadas ao País de Gales, que teve nos dois ensaios de Leigh Halfpenny um ponto positivo numa noite para esquecer; a Nova Zelândia e a França cumpriram face à Irlanda e às Ilhas do Pacífico, vencendo os seus jogos e o Japão derrotou os Estados Unidos, no primeiro de dois testes a realizarem-se em solo nipónico.
Uma nota final para a vitória da Espanha, frente a uma Alemanha muito física, num jogo a contar para o 6 Nações B (ver classificação e resultados) deste ano, e para a vitória da selecção do Singapura na edição deste ano da Division One do 5 Nações Asiático. Esta selecção jogará, em 2009, na principal competição de nações na Ásia, por troca com o conjunto do Golfo Pérsico, que foi 5º classificado no 2008 HSBC Asian Five Nations, sendo por consequência, despromovido à Division One desta prova. Tenham todos uma boa semana.