Rescaldo do fim-de-semana (18 e 19 de Outubro)

Com o mau tempo pela primeira vez a imiscuir-se nas contas do rugby nacional (e a causar alguns estragos) realizou-se, neste sábado e domingo, mais uma ronda de jogos dos séniores e dos sub16. Há que destacar também a segunda (e última) jornada do torneio de abertura dos sub18 e sub20, que no próximo fim-de-semana se juntam aos restantes campeonatos já em actividade.

Este foi o último fim-de-semana com escalões ainda sem competição, visto que no próximo sábado e domingo teremos oito provas (excluindo o caso do rugby feminino, sobre o qual aprofundarei mais esta semana) a funcionar todas ao mesmo tempo. São mais de 40 jogos, envolvendo cerca de 80 equipas diferentes e é, para o Rugby Portugal, em termos de acompanhamento, o maior desafio que até agora o site teve.

Antes de começarmos a falar dos jogos deste fim-de-semana, fica aqui uma palavra de felicitações para os jovens sub21 nacionais que conquistaram o 3º lugar no europeu. Foi uma boa prestação da equipa nacional que apenas foi vencida pela equipa da Roménia, campeã europeia, que cada vez mais se afirma como uma potência (uns bons furos acima de todas as outras equipas) deste segundo escalão europeu.

Em termos individuais, ficam aqui os parabéns para o nº15 nacional, Eduardo Salgado, 2º melhor marcador de ensaios com 3 ensaios (5º melhor em termos de pontos - 17 pontos) do torneio; e para o nº10 português, Yannick Ricardo, 3º melhor marcador de pontos da prova, com 21 pontos. O Rugby Portugal fez o melhor acompanhamento possível desta prova (com fotos, detalhes dos jogos, dados estatísticos e com os resultados colocados aqui na hora) sendo que hoje neste artigo ainda segue a crónica do último jogo, do qual obviamente já se sabe o resultado. Os nossos parabéns para a comitiva portuguesa.


A 3ª jornada da Divisão de Honra (ver classificação e resultados) fica marcada pelo maior equilibro de dois jogos, que Direito e CDUL venceram (mas por margens menores do que nas anteriores rondas), pela vitória, num jogo muito desequilibrado, do Belenenses, e pela situação envolvendo o jogo entre Agronomia e CDUP, que veio até Lisboa com apenas 15 jogadores e que jogou 31 minutos antes de, por inferioridade numérica dos "universitários" do Porto, o árbitro Rohan Hoffman ter que dar por concluída a partida. Importa destacar o esforço de Técnico (que, meteorologia à parte, jogou o jogo pelo jogo e apresentou melhorias neste) e do Benfica em reduzir o "buraco" entre as equipas mais fortes da DH e as demais.
Numa nota algo aparte, creio que, mais importante do que criticar a federação e/ou os clubes no caso dos dois jogos que ocorreram envolvendo a Agronomia e que foram antecedidos por um pedido de adiamento por parte das equipas adversárias dos agrónomos, interessa saber porque é que estes pedidos surgiram e em que medida é que estas situações podem ser evitadas ou, no melhor dos casos, resolvidas.

O adiar de jogos (por ser extremamente desprestigiante para todos: equipas, adeptos, patrocinadores e organização) não é um mal menor que se pode recorrer quando tudo o mais falha, é uma opção de excepção a ser usada em situações verdadeiramente excepcionais (que estão, por certo, regulamentadas - ou devem estar...) e que, a aparecer sucessivamente em jogos do rugby nacional, sobretudo no caso dos mais velhos, mais do que ilustrar as dificuldades que os clubes enfrentam, significa que todos os elementos do rugby nacional devem, em conjunto, rever a organização do calendário desportivo.

Esta afirmação ganha especial importância no que se refere aos campeonatos da 1ª divisão e da divisão de honra, campeonatos em que a competitividade e a disponibilidade das equipas presentes tem que ser superior, caso se queira fazer avançar o rugby sénior em Portugal, algo que creio ser o objectivo de todos.

A 2ª jornada da 1ª Divisão (ver classificação e resultados) teve, tal como a jornada acima abordada do Campeonato Super Bock, os seus momentos de equilíbrio e de desequilíbrio. Analisando os jogos da ronda constatamos que o CRAV conseguiu aproveitar uma segunda parte algo desconcentrada da Agrária (ao intervalo o jogo encontrava-se 07-06) para conquistar uma importante vitória (e ponto bónus) em sua casa, que as equipas do Évora e da Lousã venceram os seus jogos por números esclarecedores, e que o jogo entre a Académica e o Vitória de Setúbal, um encontro que servia de teste para as ambições de ambas as equipas, uma vinda da DH, a outra da 2ªD, foi uma partida renhida, muito mais equilibrada do que se esperava, sendo que os "estudantes" conquistaram uma vitória que podia ter ido para qualquer uma das duas equipas mas que acima de tudo, premeia a valentia dos homens de Setúbal que, perante um adversário mais experiente e num campo difícil como é o Universitário de Coimbra, se bateram com valentia e voltaram para casa com um ponto bónus.

No que concerne aos jogos da 2ª Divisão (ver classificação e resultados), começamos por referir que os jogos do grupo LISBOA tiveram que ser todos adiados (por causa do mau tempo), numa atitude que, no caso do campo das Olaias ainda se poderá compreender (porque o clube só possui um campo relvado para todos os escalões), mas que no caso do EUL, foi condicionada pela decisão que a equipa da FCT (à falta de árbitro para o jogo) teve que tomar (sabendo que estava a correr o risco de não poder treinar no campo em causa durante a semana, segundo os responsáveis do Estádio Universitário, que possuíam mais 3 ou 4 campos onde o jogo se podia ter realizado).

Compreendo que não existe absolutamente nenhuma má vontade das partes envolvidas, mas o rugby é um desporto que é praticado, maioritariamente, durante o Outono, Inverno e Primavera, sendo portanto normal que os jogos decorram com más condições atmosféricas, em vez de serem adiados, posto que será certo que, até ao início do Verão (21 de Junho no Hemisfério Norte) chova muito, pelo menos algumas vezes.

Passando aos jogos dos outros grupos, no grupo NORTE/CENTRO a Escola Rugby Porto não conseguiu aguentar a vantagem que tinha ao intervalo e permitiu à equipa B do CRAV uma recuperação que lhe valeu o empate no final da partida. Na Lousada, a equipa local não conseguiu suster o maior poderio dos visitantes (Famalicão), que na primeira parte deixaram definido o resultado final, tendo tido posteriormente uma segunda parte menos conseguida, por mérito do XV da casa e consequência de um menor ritmo imposto pela equipa visitante, que com o resultado final rectificou a derrota sofrida na primeira jornada.


No grupo CENTRO/LISBOA, o equilíbrio imperou nos dois jogos, com o Caldas e a Lousã B a obterem vitórias em casa de Santarém e Tomar, respectivamente. Foram dois jogos com resultados muito próximos, tendo os nabantinos ficado a um ensaio convertido da vitória, algo que a equipa escalabitana tinha que ter feito pelo menos duas vezes para poder levar a equipa da Lousã de vencida.

Passando ao grupo SUL, o último a analisar nesta divisão, esta jornada ofereceu-nos um jogo muito disputado, que mostrou um Loulé bem diferente daquele que, na 1ª jornada, tinha perdido com o Montemor, mas mesmo assim incapaz para, num jogo muito disputado, levar de vencida o Elvas/Juromenha, que começou o campeonato da melhor forma, vencendo por apenas um ponto a equipa algarvia; e uma partida que, tratando-se do primeiro jogo oficial (em casa) do Beja a contar para as competições nacionais, foi apenas de um sentido, espelhando não só duas realidades diferentes em termos do rugby nacional, mas também uma primeira parte que pertenceu em exclusivo ao Montemor, e um segundo tempo em que homens da casa "acertaram agulhas" e fizeram tudo quanto podiam para dificultar a vida aos visitantes, tendo tido algum sucesso (a grande maioria dos pontos foi marcada na primeira parte), apesar de estarem a jogar contra uma equipa que foi sempre constante, jogando toda a partida com a mesma cadência.

Os bejenses, tal como as outras equipas derrotadas por números semelhantes, saíram de campo com a cabeça erguida, certos de terem dado tudo quanto tinham em campo e motivados para fazerem melhor na próxima jornada, que para os homens de Beja, significa uma visita a Elvas.

A segunda jornada da 1ª Divisão (ver classificação e resultados) dos Sub16 foi marcada pelas vitórias de Cascais, Técnico e CDUP e pelo empate entre CDUL e Direito. O Évora conseguiu, apesar da derrota com a equipa do Porto, mostrar que está a melhorar de jogo para jogo e que apesar da juventude do conjunto (que ficou sem a quase totalidade da sua equipa do ano passado, promovida para os sub18), a médio ou longo prazo, a determinação dos eborenses trará bons resultados para o conjunto. O Vitória, outra equipa muito jovem e promovida este ano a esta divisão, não foi capaz de parar um Técnico intratável que manteve sempre a mesma tendência ofensiva, do início ao fim da partida.
Nas outras duas partidas, o Cascais foi vencer à Tapada a equipa da Agronomia por números esclarecedores e o Direito, que teve um fim-de-semana menos afortunado no que às suas equipas de sub16 diz respeito foi jogar contra um CDUL concentrado que ganhou vantagem no primeiro tempo, aproveitando não só as suas hipóteses mas também jogando com a desconcentração com que os visitantes abordaram este primeiro tempo. A segunda parte deste encontro foi totalmente diferente da primeira, com a equipa de Monsanto mais concentrada e determinada em nivelar a partida e passar para a frente do marcador. Não o conseguiu, não por não ter tentado, mas sim por mérito do CDUL que segurou o empate. O resultado final, longe de ser habitual nestes jogos, premeia a primeira parte dos "universitários" e o segundo tempo dos jovens "advogados".

Num jogo antecipado da 2ª divisão dos Sub16, o St.Julians, estreante nestas andanças (ie competições da FPR) foi até Monsanto vencer o Direito B por 72-00. Uma grande demonstração de força por parte da equipa de Carcavelos e um jogo menos conseguido dos homens do GDD, sendo que a equipa estreante pretenderá por certo deixar a sua marca nesta competição.

Uma última nota para o jogo entre as selecções Sub21 de Portugal e da Alemanha, a contar para o primeiro Campeonato Europeu da categoria. Portugal conseguiu alcançar o último lugar do pódio depois de um jogo em que foi para o intervalo a perder por 00-06, estando assim obrigada a fazer uma segunda parte bem melhor para poder aspirar a vencer o jogo.
Não foi uma segunda parte sem falhas mas sim 20 minutos iniciais em que a equipa da casa se distanciou dos Lobos, chegando a estar a vencer por 10 pontos de diferença (aos 60 minutos). A partir daí foram vinte minutos de ataque nacional, com três ensaios (dois convertidos por Yannick Ricardo) que ditaram o fim das esperanças alemãs, com o ensaio decisivo a ser obtido apenas a dois minutos do fim do tempo regulamentar, pelo 2ª linha nacional, João Pratas. O XV alemão ainda se manteve à frente do jogo com uma penalidade que Steffen Liebig (o chutador da equipa neste encontro com 11 pontos) converteu mas o ensaio final de Portugal completou uma reviravolta que podia muito bem ser alcançada por via do pontapé (antes do 3º ensaio perdíamos 15-16) mas que assim se tornou irreversível.