"Match Report" - Évora v Académica (1ª Divisão Sénior, Domingo, 29 de Março, 16:00)

Este é o quinto "Match Report" do Rugby Portugal, uma rubrica criada para dar destaque a alguns jogos que, por algum motivo especial, quer seja por serem alvo de uma análise estatística (minha ou de outros autores) mais detalhada ou por eu acompanhar as partidas em questão, fazendo uma reportagem das incidências, merecem ser destacados.
Nesta edição escolhi, por querer dar destaque (novamente) a um encontro de uma equipa de fora de Lisboa e por considerar ser uma partida que antecipava as meias finais do respectivo campeonato, o encontro da 14ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão Sénior entre o Évora e a Académica. Assim, no passado domingo, segui viagem para Évora via Setúbal, local onde esperava poder assistir a um encontro da Taça de Portugal dos Sub-18, ideia que foi gorada pela ausência dos jovens do CDUL, que assim permitiram a duas equipas do Vitória (S16 e S18) uma passagem tranquila à ronda seguinte da prova.
A chegada a Évora com algum tempo de sobra significou que podia tentar pela primeira vez introduzir, na observação e reportagem de jogos, um novo elemento: a análise estatística (algo que fiz - a Ficha de Jogo pode ser consultada AQUI).


A primeira parte começou com o Évora mais forte nos minutos iniciais, altura em que teve várias hipóteses de marcar pontos, hipóteses que foram desperdiçadas (o abertura António Moura Dias falhou duas penalidades neste período). Depois de algum domínio por parte do clube visitado, a Académica superiorizou-se e, com a ajuda do jogo ao pé dos seus três quartos, foi progressivamente instalando-se nos 22m do Évora, chegando ao ensaio (da autoria do número 5, Hugo Gomes) numa jogada em que a acção dos avançados foi fulcral.
Depois do ensaio dos visitantes, o CRÉ teve durante um largo período de tempo a pressionar a defesa da Académica na linha dos 22m desta, mas sempre sem sucesso. O ditado que diz que equipa que não marca arrisca-se a sofrer aparentemente não escolhe modalidades porque num excelente contra-ataque da Académica, o meio de resposta preferencial do clube visitante à pressão do CRÉ, o defesa Francisco Serra, figura em destaque na primeira parte, viria a marcar o último ensaio (convertido) destes 40 minutos, consolidando a liderança da sua equipa no marcador, que assim foi para o balneário a vencer por 12-00.
Ao intervalo, o resultado premiava a defesa da Briosa e sua capacidade de responder eficazmente aos ataques, castigando os avançados do Évora, que estavam mais fortes, e a má finalização do XV da casa, que cometeu demasiados erros no jogo à mão e não transformou a vantagem territorial que teve em pontos.


A segunda parte começou com os eborenses mais agressivos a defender, facto que teve peso no insucesso que a Académica mostrava na obtenção de pontos. Sem conseguir marcar nesta fase inicial, a AAC conseguia, no entanto, manter o conjunto da casa dentro do seu meio campo, restringindo os seus movimentos com o uso regular do jogo ao pé dos seus três quartos. De forma intermitente, o CRÉ contra-atacava e criava jogadas de perigo mas não conseguia libertar a bola rapidamente, permitindo que a defesa adversária se reorganizasse. A Académica, pelo seu lado, atacava em força, mas apenas com relativo sucesso (o esforço da Briosa foi recompensado com o ensaio do centro Rui Rodrigues, que fez uma boa exibição), uma vez que os 3/4os do Évora chutavam sistematicamente a bola, obrigando-os a recuar.
Foram precisamente os três-quartos do XV da casa que, numa altura decisiva, estiveram na origem (e na conclusão) do excelente ensaio de João Rosado (o ponta esteve muito bem na partida), uma jogada de ataque muito bonita que veio devolver a esperança aos jogadores alentejanos e que reanimou a luta pela vitória final.
Numa segunda parte mais disputada e aguerrida (com alguns momentos de maior dificuldade para o Árbitro, o Sr. Rohan Hoffmann, que dirigiu bem o encontro), sobressaiu o esforço das 2 equipas tanto a defender (AAC) como a atacar (CRÉ), com os visitantes a sairem do campo justos vencedores e no topo da classificação final da fase regular do campeonato. Resultado Final: Évora 08 - Académica 17.

Depois do habitual corredor e dos cumprimentos entre os elementos das duas equipas, o vosso autor teve a possibilidade de entrevistar os dois treinadores, questionando-os sobre este encontro, sobre os objectivos para a fase final e tentando fazer uma antevisão da partida do próximo fim de semana, que volta a opor, mas desta vez em Coimbra, estas duas equipas. Abaixo encontram um excerto da conversa que tivemos com os dois técnicos.


Treinador Sérgio Franco, da Académica

1. RP (Rugby Portugal): Parabéns pela vitória. Quais são os vossos objectivos para a fase final que começa no próximo fim de semana?

SF (Sérgio Franco): "A Académica é um histórico do rugby nacional com vasto número de títulos e o lugar dela é na Divisão de Honra, algo que pretendemos que aconteça por muitos anos."

2. RP (Rugby Portugal): O que nos pode dizer sobre o jogo de hoje e sobre a partida da próxima semana?

SF (Sérgio Franco): "Hoje demos muitas bolas ao Évora. Gostava que tivéssemos feito melhor porque temos capacidade para isso e estou confiante que vamos apresentar em Coimbra uma equipa muito mais forte."


Treinador Armando Raimundo, do Évora

1. RP (Rugby Portugal): Perderam aqui hoje, mas para a semana começam a fase final de novo contra a AAC. Quais são os vossos objectivos para essa fase?

AR (Armando Raimundo): "Vamos lutar para subir e vencer a Académica. Hoje tivemos sempre perto do resultado mas faltou-nos alguma atitude, nomeadamente nos rucks. Para o jogo de Coimbra temos que trabalhar mais a placagem e a nossa touche."

2. RP (Rugby Portugal): Um jogo com em casa da Académica é sempre um encontro muito difícil. Qual é a 'receita', por assim dizer, para ganhar em Coimbra?

AR (Armando Raimundo): "Para ganhar em Coimbra é precisa muita concentração e não deixar que a Académica aproveite os nossos erros. Temos sobretudo que aproveitar as nossas hipóteses e manter a concentração elevada durante toda a partida."


Depois deste encontro muito interessante realizou-se a famosa 3a parte no bar do Campo Estrela, onde elementos das duas equipas confraternizaram e foi possível assistir ao encontro da final da etapa do Circuito de Sevens da IRB em Hong Kong entre as Ilhas Fiji e a África do Sul.

Este vosso autor gostaria de agradecer ao Presidente do Clube de Rugby de Évora, o Engenheiro Luís Rosado, pela recepção e ajuda durante todo o fim-de-semana e pelo apoio que tem dado a este espaço; e aos elementos do Clube de Rugby Juromenha, o Dr. Paulo Jaleco (Presidente), o Sr. Paulo Oliveira (veteranos do CRÉ), o Sr. Manuel Couto e o Sr. Francisco Baltazar, com quem se passou um grande fim de tarde à conversa. Seria impossível terminar este 'Match Report' sem mencionar a enorme simpatia e amizade, que me surpreenderam por completo, com que fui brindado nesta deslocação, deixando aqui um forte abraço a todos os acima mencionados.