RWC Sevens - Dubai 2009 (Entrevista)

Este artigo faz uma antevisão do primeiro dia do Mundial de Rugby de 7, mais conhecido como Sevens, a mais importante competição desta variante da modalidade. Entre esta quinta-feira (dia 5) e o sábado (dia 7) 24 selecções masculinas e 16 selecções femininas competem pela Melrose Cup, o troféu atribuído ao vencedor deste campeonato e que recebe o seu nome da cidade (Melrose) em que o jogo nasceu, na Escócia. O Dubai será o local onde, durante os próximos três dias, os nossos Lobos tentarão alcançar novo feito, neste caso, melhorar o 10º lugar alcançado em Hong Kong, em 2005.

E para o fazer terão certamente que bater a Samoa, uma das três equipas que Portugal enfrenta na fase de grupos (as outras são a Irlanda e a Austrália, a nossa primeira adversária), a selecção que, há quatro anos atrás, nos impediu de vencer a Taça Plate (e de conquistar o 9º lugar, derrotando-nos por 27-07) no RWC 7's 2005.


O vosso autor teve hipótese de colocar umas questões a vários elementos da comitiva nacional, graças à disponibilidade e simpatia do Sr. Francisco Martins, que facilitou esta curta entrevista, realizada na véspera do primeiro dia de competição, a quem agradeço. Encontram abaixo um resumo das respostas proporcionadas ao vosso site pelo capitão dos Lobos, o Diogo Mateus, pelo Treinador Adjunto da Selecção, o Pedro Netto, pelo Team Manager Francisco Martins e pelo Seleccionador Nacional, o Professor Tomaz Morais.

Antes destas porém, fica aqui uma sugestão, para os muitos adeptos que não foram ao Dubai e que, residindo na área de Lisboa, procuram assistir aos jogos do Campeonato do Mundo num ambiente especial. No Amoreiras Plaza, um centro comercial junto ao 'velhinho' centro das Amoreiras, estará montado um bar onde serão transmitidos todos jogos e onde os jogadores da selecção que ficaram em Portugal (entre outros), e todos os fãs da modalidade que assim o desejarem, poderão viver as emoções da competição e assistir a todos os jogos do Mundial. Esta foi uma sugestão que recebi do Francisco Mira (um dos responsáveis pela loja Rugby Spot, que fica paredes meias com o espaço em que os jogos vão ser transmitidos), e que, contando com o bom tempo, recomendo vivamente aos nossos visitantes.


ENTREVISTA - COMITIVA NACIONAL
Quarta-feira, 04 de Março de 2008, Dubai
(A fotografia pertence ao Sr. Miguel Carmo, autor do Foto Rugby)

- Perguntámos ao Treinador Adjunto da Selecção, Pedro Netto, se, depois de ter estado com a equipa no Dubai no passado mês de Novembro e tendo em conta o excelente resultado obtido na altura (e mais tarde, em George, na África do Sul), o conjunto sente diferenças na abordagem a esta competição, a mais importante do calendário internacional de Sevens?

“O abordar das duas provas é diferente”, assim começou Pedro Netto a explicar aquilo que mudou com a preparação para esta prova.
“Como estamos a meio da época, os jogadores têm que fazer rapidamente a transição de XV para VII, algo que foi feito com sucesso mas que torna a preparação diferente de quando se tratava de uma etapa do Circuito da IRB.”

Os bons resultados nessas duas etapas também contribuíram para uma abordagem positiva ao Mundial, segundo o treinador, reforçando o papel da confiança e da motivação na preparação de um campeonato.
“Estamos muito confiantes e mais motivados para esta prova.” Uma frase que pode muito bem resumir uma parte do espírito dos Lobos: confiança e motivação, as chaves de uma boa preparação.


- Ao nosso capitão, o ‘veterano’ Diogo Mateus, o Rugby Portugal perguntou se, tendo em conta a vasta experiência deste grupo ao serviço de Portugal tanto na equipa de Sevens como na de XV e o facto de já terem realizado encontros contra a Irlanda, a Austrália e a Samoa, nos podia dizer algo sobre estas equipas e sobre aquilo que os Lobos esperam destas três partidas e do grupo em geral?

“Estamos num grupo com três equipas teoricamente mais fortes que nós: a Samoa, a quem ganhámos pela primeira vez recentemente, a Austrália, que já vencemos por duas vezes, e a Irlanda, que também conhecemos muito bem.”
São equipas que, apesar do favoritismo ‘no papel’, já olham há muito tempo para os portugueses de outra forma e que já não esperam encontrar facilidades.

“Qualquer equipa pode ganhar o grupo”, diz o capitão, que afirma que a equipa tem consciência de que “entrar bem nestes jogos pode valer uma vitória”, algo muito importante tendo em conta que somente passam aos quartos de final da Taça Cup (a principal taça) as 6 selecções vencedoras dos grupos e as duas selecções melhor segundo classificadas.

Para terminar, afastando quaisquer dúvidas sobre os efeitos do menor tempo de preparação que os convocados tiveram para este Mundial (por causa do Torneio Europeu das Nações, que ainda decorre), o três-quartos do Belenenses foi peremptório, elogiando o grupo.
“Este é um grupo muito experiente que se conhece bem e que entrou no ritmo facilmente. Aqui (no Dubai) foi apenas uma questão de habituação ao campo e ao clima.”


- Ao Seleccionador Nacional, o Professor Tomaz Morais, o Rugby Portugal perguntou como é que, num ano em que Portugal tem sido, nos Sevens, uma verdadeira “equipa sensação”, recolhendo elogios um pouco de todo o lado por aquilo que tem sido uma prestação histórica, conseguiram conciliar as expectativas criadas para o desempenho português nesta prova com o facto de a mesma surgir no meio da primeira volta do Torneio Europeu das Nações 2009/2010, dificultando assim a preparação para este Mundial? Em suma, o que podem esperar os adeptos desta selecção de Portugal?

A sua resposta não podia ter sido mais directa.
“Tem sido uma época difícil, orientada por dois objectivos, a qualificação para próximo o Campeonato do Mundo, em 2011 (via Torneio Europeu das Nações) e a presença no Campeonato do Mundo de Sevens.”

“Apesar das dificuldades na preparação desta prova, vamos apresentar-nos de forma competitiva.”
Esta ideia, que o seleccionador quis transmitir, visa também contrariar quem possa pensar que Portugal veio ao Dubai ‘fazer figura de corpo presente’.

A importância em assegurar que os jogadores nacionais se apresentarão com a mesma dedicação e empenho foi outro aspecto focado pelo Professor, que defendeu a importância da experiência e da determinação do grupo face à adversidade e às (previsíveis) dificuldades apresentadas pelas outras equipas.
“Apesar das dificuldades, temos um grupo que irá compensar com muito trabalho e com a sua experiência e dedicação” disse Tomaz Morais, e que, esperamos nós, irá (de novo) surpreender as grandes nações do rugby mundial.


- Ao Manager da selecção nacional, o Sr. Francisco Martins, quisemos perguntar se, tratando-se de duas provas diferentes, notava diferenças entre a organização desta competição e da etapa do Circuito IRB de Novembro, tanto em termos de dimensão (e do planeamento que isso envolve para a equipa de Portugal) como no que diz respeito às condições (de treino e alojamento) que são disponibilizadas aos atletas portugueses?

Este responsável, apesar de esclarecer que “a organização desta competição (Mundial) é sempre diferente” e de qualificar as condições como “fantásticas”, informou-nos que o hotel em que os Lobos estão instalados está situado a 1h e 20m de viagem do estádio e que apesar de este ser de uma qualidade inegável, apresenta algumas dificuldades no que diz respeito à preparação de uma equipa profissional para uma competição desta importância.

Não obstante o facto de tudo ter corrido bem, até aqui, fora do campo, à comitiva nacional, a verdade é que acabou por ser a organização a levantar a maior dificuldade de todas, relacionada com os equipamentos portugueses.

Estes, para poderem figurar na competição, não podem conter referências a patrocinadores, como é o caso da Caixa Geral de Depósitos, da Super Bock ou da Mitsubishi, empresas que, normalmente, são visíveis no equipamento de Portugal.


NOTA: Gostaríamos de agradecer aos responsáveis da equipa técnica nacional por terem tido a simpatia e a disponibilidade em responder a estas questões. Queremos também desejar ao Diogo Mateus, bem como a toda a equipa, boa sorte, agradecendo-lhe pelo seu contributo para este artigo. Aos nossos visitantes, agradecemos a paciência para lerem um artigo tão comprido, a vossa visita, e as sugestões de perguntas que, acreditem, foram tidas em conta.